En
diversas oportunidades temos dedicado post de Tudensia a recoller a imaxe que
os viaxeiros teñen recollido da nosa cidade no seus escritos (Murguía, ) pero
en poucas oportunidades estes textos son de autores portugueses.
Como
sinala a investigadora Lourdes Carita forom relativamente poucos os
intelectuais portugueses que, antes de 1886, visitaram a Galiza, mais a ponte
internacional Valença – Tui nesse ano inaugurada veio simplificar, sen dúvida,
as comunicações entre os dois países, permitindo que un número cada vez maior
de viajantes atravesse o rio Minho.
Dende
aquela o número de escritores portugueses interesados en coñecer Galicia
aumentou de xeito significativo: Teixeira-Gomes. Ramalho Ortigão, Julio Dantas,
e tantos outros. Entre eles está José Valentim Fialho de Almeida.
Este
escritor portugués naceu en 1857 en Vilar de Frades, na rexión do Alemtejo.
Nunha familia de escasos recursos, de moi novo vai para Lisboa a traballar
nunha botica. Con grandes esforzos logra compatibilizar os estudos, chegando a
licenciarse en Medicina, mantendo dende sempre un gran afán lector.
Exerceu
por pouco tempo a profesión medica, que abandonou para centrarse na escritura.
En 1881 publicou o seu primeiro libro “Cantos” colección de narracións
dedicadas a Camilo Castelo Branco, e no ano seguinte a novela “La ciudad del
vicio” posiblemente a súa mellor obra narrativa.
Foi, como sinala
Miguel Angel Buil Pueyo, unha vida a de Fialho “en absoluto fácil, la de este agudo observador, que utilizó en
ocasiones los seudónimos de “Valentim Demónio” e “Irkan”, radical antiburgués,
crítico con el cinismo elegante de la aristocracia que todo, incluso las
palabras, importaba del extranjero, y anticlerical que fue narrada por él mismo
en “Eu. Autobiographia”,
incluida en su libro Á Esquina [Jornal dum vagabundo] (1903).
En
1889 Fialho de Almeida acepta a proposta do editor portuense, Alcina Aranha, de
publicar unha cronica (primeiro mensual e dado o éxito logo de periodicidade
semanal) sobre a vida portuguesa. Relatos publicados, entre 1889 e 1894, baixo
o título de “Os Gatos” cunha escrita panfletaria e provocadora, os seus artigos
logran unha grande repercusión social que converteron a Fialho de Alemida nun
referente do realismo, que, ás veces, pola súa permanente denuncia das eivas
sociais é calificado de “decadentismo”.
Colaborou en
numerosos periódicos e outras publicacións de Portugal e Brasil, con crónicas xornalísticas
ou críticas literarias e teatrais. Narrador admirable deu á literatura
portuguesa algunhas das súas páxinas máis significativas.
Publicou outras
obras como “Pasquinadas” (1890), “Lisbõa galante” (1890), “Vida irónica”
(1892), “El País de las uvas (1893) e “Esquina” (1903). Casou cunha parenta
provinciana, dende 1893 retirouse de Lisboa ao seu Alemtejo natal onde levou unha
existencia de pequeno propietario rural. Póstumas apareceron otras obras como “Barbear,
Pentear” (1911) e outras coleccións da súa mellor producción periodística.
Lourdes
Carita apunta que Fialho de Alemida deixou 14 cadernos de apontamentos,
maioritariamente tomados in loco, da viagem que em 1905 fez á Galiza (...) os
cadernos, manuscritos a lápis por Fialho, foram despois recobertos a tinta pelo
seu autor. Alem do texto, todos eles incluem belos desenhos, quase todos feitos
à pena e algúns a lápis, muito pormenorizados e referentes a monumentos, tipos
de casas ou detalhes de construção que chamaram a atencção do autor e que ele
non considerou suficiente descrever.
Poucas
vezes, O Fialho combativo e sarcástico das “pasquinadas” ou de “Os Gatos”, mais
frequentemente, o pintor pleno de humanidade de “Mater dolorosa”, que nos
desvela toda a sua sensibilidade e o faz com a arte, a criatividades, a riqueza
lingüística e força da paixão, a que sempre nos habituou. O sentimento que mais
claramente nos domina, despois da lectura destes cadernos, é a imensa ternura,
o encantamento e paixão que a Galiza, com as súas misérias e grandezas, com a
súa beleza ou fealdade, como a alegria ou tristeza dos suas gentes, foi capaz
de despertar neste homem do sul, nestre grande artista da palavra.
Lourdes Carita editou no ano 1996 estes cadernos de viaxe na editorial galega Laiovento co titulo de “Cadernos de viagem. Galiza, 1905” reeditado logo en Portugal en 2001 co simple título de “Galiza, 1905” nunha edición a cargo de O Independente. Do traballo de edición de Lourdes Carita extractamos agora o texto referente á nosa cidade de Tui.
Tui 1905 por Fialho de Almeida
Dende
Caminha cheguei a Tui de carruagem, domingo 4 de julho às 2 e meia da tarde.
Catedral
de Tui – Por dentro românica – três naves, com arcos de capitéis românicos. Foi
necessario, por causa dun terramoto, fortalecer as paredes e ligaram-nas por
arcos que destruíram muitos capitéis. Os que se vêem são simples e típicos
(...) Tem un cruzeiro com duas entradas laterais. A nave central é obstruída
pelo coro que é mau e do pior da Galiza, e por dois órgãos de talha má.
A opinión desfavorable aos valores artísticos da Catedral
tudense que expresa Fialho corresponden co gusto da época que condena a arte
barroca como unha arte antiga e de escaso valor, que tamén atribúe ao coro,
daquela aínda instalado no medio da nave central do templo, realizado por
Francisco de Castro Canseco ou os dous órganos suituados sobe o propio coro,
cuia caixa tallou Domingo Rodríguez de Pazos. Esta valoración negativa é moi
estendida en autores do século XVIII e XICX, haberá que agardar á segunda
métade do século XX para un cambio nesta opinión cosonte á unha nova valoración
do patrimonio.
Toda
a talha das capelas é ordinária, e de mau gosto, e o altar-mor mui pobre. Só o
edificio de pedra é venerável, românico, e está ao que parece, à parte os
suportes dos arcos, bem conservado. Nos arcos que separam a capela-mor das
naves laterais, houve alteração e conserto moderno. Aos lados da capela-mor as
naves laterais recebem luz por dois rozetões sem vidreiras. Todo o chão das
naves é de sepulturas. Nas paredes, à direita da capela-mor e braço direito do
cruzeiro, há nichos de bispos. Apende ao lado direito da nave lateral direita
da capela-mor, uma grande capela cuja arquitectura parece ser do tempo dos
reparos dos arcos ca capela-mor.
Refírese á capela de San Telmo ou das reliquias.
O “trascoro”
é moderno do tempo dos consertos. Tudo isto seriam reparações que sofreu a Sé,
aquando o tal terramoto a demoliu (o de 1755). Aos lados dos “trascoro” e vindo
ter às naves laterais, ha portas de grades que dão para capelas, que têm
abóbadas góticas, talhas péssimas. A esquerda tem dois edículos ogivais,
caiados, com figuras jacentes de bispos. Retábulos estragados, grande pobreza.
(...)
A Sé é do século IX. A capela de Torquemada tem 3 séculos e 27 anos. Os
consertos da Sé datam de 1755. O terramoto tambén aqui se sentiu e fizeram-se
as reparações.
Asume Fialho tamén a errónea tradición de que os arcos
que cruzan a nva central da catedral tudense foron consecuencia do terremeto de
Lisboa de 1751, cando na realidade son anteriores.
Tem
um claustro românico do tempo que tinha uma galeria superior, mas as obras e
reparos estragaram essa galeria ignoblemente, e hoje vê-se uma fila de janelas
dos palácio do bispo. Fazendo esse corpo superior ressalto, e apoiando-se sobre
pilastras grosseiras inferiores, de celeiro, e vemdo-se no fundo a arcada
românica primitiva, de pavimento térreo, toda à volta. Nas lajes do chão do
claustro, como no templo, há sepulturas. O claustro ajardinado.
Ese era o aspecto que presentaba o claustro tudense, ata
os anos sesenta do pasado século, cun edificio que albergaba as dependencias da
diocese e a súa curia e que ocultaba, en boa medida, o aspecto do claustro.
(...)
Fora, no alpendre da entrada principal, na abóbada, faltan pedras. Esse alpendre
e pórtico é realmente venerável. De cada banda do pórtico, sobre colunas
delgadas, e por entre essas colunas estão quatro figuras de apóstolos e
profetas, quatro por banda.
Por
cima da porta há un baixo-relevo, representando em tríptico a cena da maternidade.
Tudo ingénuo e tosco, mais cheio de fé.
Para
fazerem a entrada do palácio do bispo, estragaram o arco ogival que ficava do
lado deste. O alpendre, porem, é venerável com os seus dois grandes arcos
ogivais dando para o exterior, sobre escadarias, e apoiados en feixe de
colunelos românicos. O alpendre é torreado e dentado, fazendo baldaquino sobre
a escadaria, e à frente da grande massa das torres dentadas e muros da
fortaleza, de aspecto terrível e rude.
Como é ben coñecido o arco sur da portada da catedral
tudense era o acceso ao pazo do bispo e as dependencias diocesanas que existían
sobre o claustro. Este arco foi de novo liberado tras a demolición deste
edificio nos anos sesenta do pasado século XX.
A
fachada primitiva dá sobre a plazoleta de São Fernando. A fachada
lateral abre para um adro moderno, e para ela dão os campanários dos sinos. Há
à esquerda um pórtico românico, baixo; por cima deste dois arcos; logo un arco
grande, acima deste uma rosácea; logo a torre dos sinos, onde em baixo e no
alto se vêem algumas janelas românicas; e logo, da esquerda para a direita, a
grande torre dentada que se vê no postal diz “Plaza Consistorial” e onde
avultam, em baixo, duas janelas ogivais e lá cima duas janelas rectangulares
como as da câmara de D. Manuel, de Viana do Castelo. Circunscrevo um pouco o
edificio e vejo, no meio de remendos modernos, e betesgas infames de lajedo,
cheias de lixo e de merda, restos de muros veneráveis, góticos, românicos, com
frestas e brasões. Numa betesga, junto dum arco sinistro, com escadas que
descem, há un cruzeiro românico caricato, e no muro fronteiro uma fachada tosca
de igreja em terra onde, no muro, inscrições e datas celebram não sei que
invocação e culto.
Da
roca da catedral, a cidade agrega-se, acumulando vielas e casas, compactamente.
Por
debaixo do arco vejo, em vinheta, Valença desenrolada entre verduras.
Desço a escada tosca, por debaixo do arco, e vejo o río e a margem portuguesa,
verde, pintada de casais, onde nas serras as névoas pardas se esfarrapam.
Por
este lado a catedral é cintada de um grande muro de pedra, que tem por cima
parreiras, e sería a muralha da cidade. Asenta en rochedos a muralha, e à roda,
e por baixo, é um barrio de casebres miseráveis, como os eidos do Minho e
Beira, povoado de gente pobre.
O autor está percorredo a rúa Entrefornos e confunde o
muro que pecha os terreos do entorno catedralicio coas murallas da cidade.
Muitos
dos cubelos e muralhas da cidade, perdida a importância táctica, começaram a
ser muros de terraços e quntais e mirantes de jardins. Assim os vemos contornar
as alturas e grandes cuestas da cidade, acercar-se das estradas
formando, se são públicos, plazoletas ou eirado arborizados; se são
particulares, jardins de parreiras.
De
um desses eirados públicos, Paseo de la Portilla, ao cabo da calle Elduayen,
onde fica o meu parador de Carmen, vejo a vega del Louro,
espraiada até o rio ao que faz uma curva larga e flexuosa, entre salgueiros e
freixos separando as margens e as serras dos últimos planos que de ambos os
lados são alterosas, mas do lado espanhol
se alteram mais, o socovam e recortam, fazendo fitas e panos de
roqueiros.
A rúa Elduayen era o nome do actual Paseo da Corredoira e Calvo Sotelo, onde xa en 1905 estaba a pensión “Generosa” (nome lamentablemente cambiado hai escaso tempo polo novo propietario do establecemento) onde residía Fialho. O Paseo de la Portilla é o actual Paseo Familia Álvarez Blázquez. Este nome lembra a portilla de San Francisco da muralla do século XVIII que existía na zona da actua Glorieta de Vigo. Este paseo resulta de aproveitar a muralla do secúlo XVIII, tras a perdida da súa función militar, como espazo público de lecer, nunha iniciativa do Concello tudense en torno a 1850 e que ten permitiu a conservación da muralla tudense e os seus baluartes neste ámbito. Poucos casos hai en Galicia de conservación dun tramo de muralla de época moderna de tal extensión.
Esses
campos, nos primeiros dias de Junho, chuvoso, de inverno, são admiráveis de verde
vivo, desde o verde seco das cevadas, que são poucas, até ao pálido dos milhos
nascentes nas baixas, às orlas do verde espumoso dos parreirais, e do bronze
escuro das árvores. A meio são casas bracas, igrejotas de granito escuro,
casarões, tectos de passadeiras de cal, brilhantes, latadas em fitas de postes
de pedras, e nos longes algum cerro calvo ou algum monte de casas de granito
escuro apertado entre os pâmpano, entre algum grande castanheiro ou ciprestre
colossal. Com as brumas que esfarrapam a serra, e discriminan os longes e fazem
brilhar no verde as manchas de casas muito brancas, a paisagem é maravilhosa e
tocada de mimos. Quando as chuvadas passam, os verdes brilham, a áuga do rio,
de pardo pálido e cor de chumbo, passa a azul de aço, reflectindo as franjas
das árvores. Tocam sinos melancólicos a vésperas. Longe ouvem-se bombas e tiros
ee músicas de alguma festa distante, e sempre, sobre o cimo das serras da
Espanha, azul-ferrete, vão passando e esfarrapando-se as névoas pluviosas, com
uma difaneidade de teatro, e filas de raparigas em cabelo, trança caída, as
saias apanhadas, apesar da cuva, e fitas de garotos dando-se as mãos, vão
seguindo rente ao terraço, caminho do sítio onde provavelmente a festa tem
lugar. Já isto não é Portugal -os garotos são mais e fazem mais barulho. Pela
estrada que desce do terraço ao quartel, os soldados de calça encarnada,
horríveis e esqueléticos, acompanham mulheres em cabelo que apanham as saias
con donaire. Uma grande paz reina no ar, e o rio é verdadeiramente, em baixo,
uma obsessão laurenta que há-de ser necessário, tarde ou cedo, suprimir.
O contraste entre a negativa impresión da Catedral e a súa
contorna coas impresións da paisaxe da Veiga do Louro e do val do Miño resulta
chamativa.
Cá
de baixo é que se vê que a massa da catedral está, para assim dizer, dentro do
âmago da cidadela, no alto do monte, destacando-se os dentes da fortaleza
românica e crestería dos acrescentos góticos, fortificando e defendendo
esse castro de baluartes isolados e cintas de muros com cubelos, incorporados
na cidade, como disse.
Do
Paseo de la Portilla vem uma estrada arborizada em talude, alta, descendo entre
campos de milho, até un novo jardim, maior, que contorna en ferradura, já pouco
sobranceiro ao rio, o recinto do quartel arranjado mum convento velho e
negregão. É um passeio como o de Pontevedra e Vigo, mas en começo, plantado de
acácias e mal tratado. É um recinto onde soldados e sopeiras, ou quer que seja,
vão facer amor nos banco, e sabe Deus, de noite, se mais alguma coisa, que o
sítio é propício a tudo. É ainda num segundo piso baixo ou contraforte da
grande montanha onde está Tui.
Fialho de Almeida descreba agora a Alameda, a antiga
horta do convento de San Domingos, integrada no sistema defensivo da cidade. En
1905 as dependencias conventuais estaban ocupadas por un destacamento militar
que tiña transformado substancialmente o vello convento dominico. A presenza
dos soldados en Tui foi, con algun parentese, unha constante na vida local ata
o ano 1963 en que as últimas unidade militares abandoaron o cuartel de San
Domingos.
Em
baixo o rio largo e encrespado, entre salgueiros verdes que parecen imóveis. Os
comboios silvam, o cuco canta, as rãs coaxam, e no recinto do quartel os
soldados sem meias, vestidos de linho vão dando os restos do rancho à
pobralhada. Agora, algumas névoas no poente da tarde abriram-se para deixar
ver, entre blondas loiras, fundos de vapores anil, lilás e áuga de
rocha. Que sossego! Que paz! Este domingo triste há-de lembrar-me com pena para
toda a vida!
A
igreja do quartel [convento de Santo Domingo] deve estar profanada: por fora
vèem-se ainda alguns vitrais partidos, uma porta lateral românica, com um
tímpano de figuras já irreconhecíveis, uma ponta de transept onde havia
uma grande rosácea, e enfim ábsides triplas (um lóbulo já não existe, o do
centro maior) e frestões ou janelões oblongos, entre congtrafortes góticos e
toscos.
Da
bocada desse jardim, junto mesmo do rio, vê-se ao fundo um panorama de serras
portuguesas – Valença da esquerda, entre muralhas; a ponte e a casaria de Tui,
acumulada. Todo esse fundo de serrania agora é violeta, e por ela passam
vapores leves, cor de cinza de charuto, rápidos no vento.
Domingo.-
Na calle de Elduayen, que é a melhor e a mais ancha da cidade (Corredera)
passan rapazes, soldados con sopeiras, muito graves e desembaraçados,
absorvidos, sem se importarem dos que se riem deles, e militares; e separados
deles, padres, de sotaina, fivela, chapeuzinho de pêlo, desabado, aos grupos de
três, falando discretamente.
O relato recolle a vella tradición tudense do paseo,
especialmente, dominical pola Corredoura, dando voltas en grupos de amigos e
coñecidos, en animosa charla. A zona do seminario marcaba o limite dos paseos,
pois cara ao norte paseaban os seminaristas evitando asi unha mestura coas
xentes de Tui, especialmente coas mozas. Hoxe a Coredoura xa non é tanto un
lugar de paseo como unha zona de estadía nas terrazas que ocupan boa parte da
súa supeficie, expresando como mudan os tempos e os costumes.
A
cidade é toda feita na montanha, onde a população se comprime en ruelas e
betesgas estreitas. Algumas são intermináveis e tortuosas, todas cheias de
casuchas de granito, umas de varanda ao centro, outras com uma alpendrada
superior, cobrindo uma varanda, como as da Beira e Guimarães. Há no meio disto
alguma casitas muito velhas, de fachadas góticas, como en Alvito (localidade
do Alemtejo limítrofe con Cuba, lugar de residencia de Fialho de Alemira),
e outras pequenas, do tipo da casa que en Santiago de Compostela está defronte
das Platerias, mas em pequeno. Nas encostas decobertas, sobranceiras ao río,
jardins de grades com canteiros de rosas, laranjeiras e mirantes donde a vista
do río e da Vega é supreendente. Muitas casas modernas, à espanhola, nas calles
boas, com miradores envidraçados e grande asseio. O gosto é em geral superior
ao da banda portuguesa.
Tui
alem disso alarga-se pelo monte abaixo, ao longo das “carreteras”, na meia
encosta da sua montanha vêem-se construções novas e em começo, grandes remoções
de pedra de talha pelas ruas, para as casas em construção. O pintoresco é a
montanha da cidade velha, as ruas trepando por escadas intermináveis ou rampas
de lajedo com aberturas ou respiro a indicar por onde passa o cano, e ruas
transversais cruzando estas e circuitando o monte irregularmente, o que dá
origem a recantos, pontos de vista, “trouvailles” de becos pintorescos e
“callejuelas” que parecem inventadas e à noite deven ser sinistras. Nas ruas
deste bairro há uma lomba de lajedo ao centro, para passadeira, o resto são
pedras toscas de calçada. As igrejas que vi são quase todas más e pobres, como
arquitectura e como adornos. A Sé parece-me pobríssima. O melhor altar que é um
do cruzeiro, “xurrigueresco”, é horroroso, e as imagens, nenhuma presta. Nos
edículos tumbais as estátuas dis bispos que disse, são toscas e primitivas como
as da Sé de Ourense.
Não
vi de preto a de Torquemada, por estar a grade fechada e haver pouca luz.
Cónegos fodedores. O que Mota (nota da editora: Provavelmente, o amigo
António de Almeida Pinto da Mota, oficial de engenharia, eleito deputado em
várias legislaturas e natural de Valença) conta da hipocrisia das viúvas e
dos canónigos.
O
ar da cidade. Por que se tem Tui desenvolvido e Valença não? Tui vive do
contrabando para Portugal e já do emigrante um pouco.
Na
Calle Colón, já no arrabalde, estão facendo un edificio de pedra enorme, gótico
românico, com uma grande rosácea ao centro, e um campanário por cima, e tres
corpos, sendo um central, o do campanário, que deve ser destinado a algum asilo
ou casa de educação.
O
trabalho da fachada é perfeito e mesmo rico. Há um grande terreno de roda. A
grande serra que se vê por detrás de Tui, rochosa, com um marco no alto, ou
coluna, é San Julian.
O
grande edificio da Calle Colón, em construção, é um hospital de povo, ou
hospicio para velhos e crianças (e asilo também?). Foi feito a expensas do
capital de uma senhora rica -não chegou, agora esperam que morra um homem rico
e sem filhos que, dizem, deixará todo para a conclusão. O tal homem vive nunha
grande casa à entrada da cidade.
Recolle a construción do novo hospital da cidade (hoxe
Edificio “Francisco Sánchez”, antiga Área Panorámica). Na súa edificación foron
de gran relevancia tanto o legado de Rosa Vaamonde (filla do político e xurista
tudense Florencio Rodríguez Vaamonde) e posteriormente do comerciante Felix Rodríguez
González.
Sobranceira
à Calle Elduayen há uma Calle Ordoñez, onde está um coberto do mercaco de
“abastos”. Aí achei este título duma tenda de modas chinfrim “El cielo”, que
depois vi se repetia pela Galiza, em mercearias e confeitarias.
Ruas
lajeadas no bairro da montanha onde está a catedral: ruas íngremes em rampas e
escadas, abrindo às vezes diante de certos edificios religiosos ou pios, en
“plazoletas” microscópicas e acanhadas. Outras, essas transversais, circuitando
o monte e lajeadas, e com o piso feito da própia rocha da montanha. Essas ruas
são intermináveis, dão voltas, feitas de casitas velhas e pequenas, outras
consertadas, todas com un ar humilde e simpático, algumas arranjadas com um
certo conforto. Algumas muito velhas, do século XV e XVI, como as góticas de
Alvito, mas de dois pisos ou de sobrado, outras do século XVII singulares e de
cantarias recortadas, algumas avançando balcões e prato, outras com varandas
superiores e cobertas de tejadilho, onde charlan as mulheres. Nestes encontros
das empinadas com as transversais há todas as séries de recantos e becos, com
escadóses, antros de pobres, pátios de garotos. De manhã cedo, pelas “calles”
vêem-se, vestidas de preto e de mantilha de merino, mulheres velhas e novas que
v$ao a caminho das igrejas. E assim à tarde, à catedral, de livro e olhos
baixos.
Sinos
lentos tocando à oração pela manhã. Às 9 horas da manhã de segunda-feira 5 de
junho, saio para A Guarda e Baiona, na “carrilana” ou coche que estaciona mesmo
defronte da “pozada” de Carmen, na Calle Elduayen.
Esta
Calle Elduayen é a grande artéria e sai e prolonga-se pela estrada que vai ao
longo do Paseo de la Portilla, e vai a Guillarey para onde há “carrilana”.
Carros carregados passam por alí, a três de fundo, e uma mula adiante, todos
soando guizos, con fracaso. A Tui vem de Valença criadas e gente a fazer
compras, até soldados de caçadores, com grande cabazes, lá vi, de manhã, vindo
ao mercado.
Na
catedral, tod’à volta da nave central e o cruzeeiro, por cima dos arcos das
naves e capela-mor, vai uma galeria de arquitos de ogiva e capitéis bizantinos
que atrás disse. Alguns desses arcos são cheios, outros abertos, conforme. As
grades de ferro forjado são muito más e sem valor. Na manhã em que lá estive
dizia-se missa em seis capelas ao mesmo tempo (3 padres as diziam nos altares
da capela de Torquemada). Nesta, o edículo onte está a estátua orante de
Torquemada, é gémeo com outro, e neste está um altar. Ambos os fundos dos oratórios
são pintados e horrivelmente. A estátua é tosca, tem a mitra sobre a cochim, no
chão. Por baixo, na barriga da arca ou urna fúnebre, há uma incrição borrada,
dizendo “aqui están los huesos de Don Diego de Torquemada, o bispo que fué
desta santa iglezia”. A capela é longa, como a igreja da Sé -tem uma cúpla no
“transept”; dois retábulos de talha doirada, de mau gosto; dois púlpitos; e no
corpo del, em correspondência com uma porta de grades, à direita, é que estão
os dois ediculos toscos, num dos quais estão os restos do inquisidor (nota
da editora: Lapso de Fialho. O famoso Torquemada inquisidor era Tomás).
Saio
para A Guarda, 9 de manhã, “carrilana” com 5 cavalos pequenos, que o cocheiro
incita “iá! Iá! Panadero! Caballo!” Paisageem minhota, vinhas de enforcado,
bordando campos, milhos nascentes e recém-nascidos, couvais, batatais, muros de
lousas de granito espetadas na terra, ou sebe de arame vedando à beira da
estrada, campos, ou pequenos muros de pedra solta. Casas térreas com parreiras
à porta, a propiedade atrás, murada de sebes ou muros. Nos currais gente
consertando carros, galinhas, rapazitos. Nos pequenhos pinhais pequenos
rebanhos de cabras e ovelhas, ou dois bois pastando, levados por uma mulher ou
outra que vai dando, nos taludes da estrada, de comer a uma vaca pacífica.
Da
banda poprtuguesa grandes serras como o riominvisível, em baixo, altas,
pedregosas, semeadas de pedras, de pinhais e de casais.
Comentarios
Publicar un comentario